martedì, settembre 29, 2009

Jabuti 2009


Reynaldo Bessa é um dos vencedores, na categoria Poesia, do Prêmio Jabuti 2009 e foi um dos entrevistados da edição de setembro do Jornal da Praça. O Jornal da Praça comemora com você esse prêmio, essa alegria.
Confira na íntegra a entrevista publicada na edição # 72 do JdP.


Reynaldo Bessa é cantor, compositor e violonista, lá de Mossoró (RN), e mora, há 15 anos, em São Paulo. Tem quatro CDs autorias, participações em coletâneas e parcerias com Zé Rodrix e Ira. Bessa já tocou ao lado de Rosa Passos, Alceu Valença, Zé Geraldo, entre outros.
Se isso não fosse suficiente, Reynaldo Bessa escreveu seu primeiro livro de poemas, Outros Barulhos, e já está classificado entre os dez do 51º Prêmio Jabuti 2009.

Jornal da Praça. Você publica seu primeiro livro de poemas, Outros Barulhos, e aí ele entra pra lista dos 50 livros do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2009, em seguida, pros dez primeiros do Prêmio Jabuti 2009. Como é a sensação?
Reynaldo Bessa. Um desassossego delicioso. Depois de vinte anos fazendo música resolvo publicar o que venho (re)escrevendo há muito tempo. Queria apenas mais uma chancela para a minha carreira de músico, ou seja, agregar algum outro valor, aí recebo a notícia de que meu livro está entre os 50 livros concorrentes do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2009, foi um susto, sei lá, me senti como um penetra na festa de convidados ilustres. Passou e pra mim já estava bom, aí vem outra notícia ainda melhor: Meu livro está entre os dez finalistas do que considero o maior prêmio das letras no Brasil, o 51º Prêmio Jabuti 2009. Júbilo total. Mas penso que a função de um prêmio não é mostrar que você é melhor que outro, mas sim tentar mostrar o que se está produzindo no momento, assim tornando os livros conhecidos perante os aficionados pela leitura e dando possibilidades aos autores desses respectivos livros de continuarem escrevendo. Depois que vi o resultado, me debrucei sobre a história do prêmio e fiquei muito animado. São cinquenta e um anos de história, né? Agora, ganhar ou não, não devem ser preocupações de um escritor. Penso que a única preocupação de um escritor é continuar escrevendo com qualidade.


JdP. Com uma boa estrada na música, você sente alguma resistência quando o músico escreve um livro de poema? Às vezes não fica uma sensação de que são linguagens distintas e que não podem caminhar juntas?
Bessa. Há essa resistência sim, mas percebi que ela partiu primeiramente de mim. Na pergunta anterior, digo que ao receber o comunicado de que estava entre os 50 livros concorrentes do Prêmio Portugal Telecom de Literatura 2009, me senti como um penetra na festa de convidados ilustres. Depois, pensando bem, vi que meu primeiro contato foi com a poesia. Eu escrevia muito antes de fazer música. Voltando no tempo a gente vê que a poesia começou com a música, depois de muito tempo, não se sabe porque, houve uma ruptura. A relação música-poesia não é novidade, novidade é sua não relação. Ezra Pound dizia que “A Poesia se atrofia quando se afasta muito da música”.
Um crítico começa falando do meu livro assim... recebi com apreensão o primeiro livro de poemas do cantor e compositor Reynaldo Bessa... e vai, mas termina afirmando que “Outros Barulhos” é um dos melhores livros de poesia que ele leu esse ano. Então essa resitência parece-me infundada. Poesia, Literatura, Música, Dança e etc. são apenas fios de cabelo de uma mesma cabeça. Podem até ser linguagens distintas, mas que se interam, se comunicam a ponto de parecerem uma só. Hoje me denomino como “um Músico-Poeta” ou “Poeta-Músico” sei lá... a confusão está estabelecida.


JdP. O que é literatura pra você, Bessa?
Bessa. Um grande amigo disse-me uma vez que não devemos nos preocupar em definir Literatura, mas sim onde há realmente literatura, e aí eu lhe perguntei, como sabemos onde há realmente literatura se não a definimos? Disse-lhe que era como esperar, no aeroporto, alguém que não conhecemos. Estamos até hoje atrás dessa resposta. Ezra, e de novo ele, dizia que “Literatura é linguagem carregada de siginificado e que grande literatura é linguagem carregada de significado até o máximo grau possível” meu Buda, o que eu poderia dizer mais?
Literatura pra mim é ordenar signos, catalogar símbolos, domesticar lembranças. Sair de um ponto, abrir parênteses infinitos e voltar ao mesmo ponto, sempre. Se reconhecer e assim reconhecer o outro, ou não. Convencer sem a intençao de convencer. Tornar a verdade numa grande mentira e vice-versa. Comprar um cavalo invisível e fazer com que alguém o monte e cavalgue também por trilhas invisíves, mas que chegue ao seu destino, ou não. Literatura é a criação contínua de mundos possíveis. Podemos escrever sobre o caos e morar nele, podemos escrever sobre a paz e perdermos o juízo. Literatura é dar um endereço errado para a realidade. Enfim, me pergunto todos os dias o que é realmente isso.


Outros Barulhos (Anome Livros). Reynaldo Bessa. 120 pág. $ 22,.
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