mercoledì, gennaio 30, 2008

ph capa: auto-retrato Camaleoa, 2007

paulicéiadesvairadaséculoXXI
acorda entre sonoridades desconexas e abre os braços pro Sol, se jogue sobre os telhados ou perca-se nos labirintos sem fim. Deixa entrar a luz, entre relâmpagos e líquidos, os sons da cidade, as sombras da madrugada. Percorro seu corpo de cabelos desalinhados e pele cheirosa, quando sinto as intensidades dos pecados e dos perdões. Mergulhamos de cabeça nas paixões. Na grande cidade, de calçadas irregulares e asfalto quente, estranho é o sujeito que buzina desvairadamente em cada esquina e não a puta que sorri. Ou a garota gótica que fixa seu olhar entre piercings, metal-rock, sempre em noite de Lua. The Girl in the Other Room como canta Diana Krall, Luzes, tintas e poesias acompanhando jazz; não há razões nem des-razões, nem cores definidas. Em cada quarteirão, assim como o céu brilha diferente a cada manhã, não sou eu nem sou você. A manhã nublada nos ensina a ouvir a música e sentir o incenso. Abra os olhos pra saudar a Lua e abrace bem aos quartos crescentes, dissonâncias entre sons de Miles Davis misturados ao andar rápido de quem vai nem sabe onde. John Cage, pinturas de Frank Stella, colagens rasbiscadas, o som do rádio & fusion nas telas quase brancas que significam os meus próprios ritos de renascimento, de corpo e espírito. Faz calor sobre a cidade, mas seu corpo nu sentindo a brisa me alimenta de paixões enquanto me abraça e quando faz amor; também tem o vento e depois a fruta, o vinho tinto, boca molhada e os suores. Sou você em cada dia, o abraço da tarde morna, o cheiro da flor; talvez em nenhum lugar seja assim e será sempre quando nossos olhares sempre se cruzarem mais uma vez.
EduardoBarrox

lunedì, gennaio 21, 2008

phDivulgação TUDO BEM (NO ANO QUE VEM)

Brazil (blowUp Press) - Com (boas) fotografias produzidas em outubro passado em Paris, França, a edição de janeiro da revista Elle norte-americana traz a spice girl Victoria Beckham na capa e numa entrevista. O ensaio fotográfico mostra a cantora visitando lojas parisienses (errr...); e na entrevista ela se revela falando coisas como "sempre vou pra cama nua", fazendo algumas referências, digamos apimentadas, ao marido - um jogador de futebol - e mais uma série de desnecessidades absolutas e idiotas.

A revista, cuja edição original francesa comemorou sessenta anos no fim de 2007 e já foi considerada uma espécie de bíblia da feminilidade (sic) consegue ser mais desinteressante do que a edição de dezembro da revista brasileira Brasileiros. Entre outras matérias estranhas que afirmam que o Brasil tá funcionando direitinho, eles publicam uma entrevista com o presidente brasileiro Lula, na qual ele também diz que as coisas vão muito bem, donde se depreende que vivemos numa espécie de paraíso tropical ou coisa assim. Na chamada de capa já se anuncia que o sr. presidente tá de bem com a vida. Há outras matérias de igual otimismo em relação a este nosso sofrido torrão. Não é bem ser contra as boas notícias, mas gastar papel pra matérias (sic) assim é um exagero, considerando a realidade em geral sobre violência, habitação, cidadania, chuvas de verão, monocultura agrária e saúde - por exemplo - observando que antigas doenças e febres acabam de ser tristemente resgatadas; ou minha própria observação em andanças aqui e ali de que o buraco talvez seja mais embaixo. Acho que, tanto a revista quanto o presidente, omitem a informação de que progresso social não se dá através da simples oferta de créditos ao consumidor cobrados com juros extorsivos, algo maquiavélicos e selvagens. Com isso, a revista que tinha uma certa intenção de repetir os gloriosos feitos da revista Realidade dos anos sessenta, perde credibilidade. O que não precisamos neste momento histórico é de material promocional deste nível. Seja como for, o chato dessas publicações é que o jornaleiro não devolve a grana e o garrafeiro diz que tão pagando pouco pelo quilo de papel velho. Depois, conversando com uma amiga, ela me alertou para a possibilidade de não vivermos no mesmo país. Não! não eu e a Victoria; nós (você, eu, o povo) e o Lula.

Por coincidência mera (ops), no mesmo espaço de tempo a boa revista Piauí também traz matéria com o José Dirceu, o ex-homem forte do governo Lula. Ainda não entendo porque se dá tanta mídia pra essas personagens, mas pelo menos a matéria não é tão ruim quanto a da revista (Brasileiros) que entrevistou o Mr. Presidente. Na verdade a matéria até é boa, irônica na medida, com uma boa fotografia em preto & branco do Duran ilustrando, etc.. Mostra bem o personagem Zé Dirceu, consultor internacional e possível candidato à presidência da República quando todo mundo esquecer (aqui no Brasil demora um tempinho pro povo esquecer...mas esquece). Depois de ler a matéria fiquei pensando no livro do Zuenir Ventura sobre 1968 e em coisas como, será que o Zé já era assim e ninguém tinha percebido ou ele disfarçou até conseguir chegar onde chegou?

E outra revista desta semana - a semanal Isto É - traz matéria de capa dando conta de que a morte do presidente João Goulart no exílio não teria sido de morte morrida e sim morte matada. Foi mesmo! todo mundo sabe faz um tempão. Mas agora a informação - mesmo com algumas décadas de atraso - vem pela boca de uma pessoa que testemunhou o fato e assegura que Jango foi envenenado. A família do ex-presidente, que também parecia não saber disso, pede nova investigação. Quantas décadas ainda vão demorar pra que a verdadeira História da assassina ditadura militar brasileira seja contada?

Seja como for, e pelo andar da carruagem, espere pelas próximas edições das revistas brasileiras. Ainda vamos ler entrevistas provando a existência de Papai Noel (e confirmação de sua nacionalidade brasileira), entrevistas com o Coelhinho da Páscoa, alguma coisa em torno do sexo dos anjos, bem como a vida sexual da Branca de Neve e os Sete...
Eduardo Barrox