martedì, novembre 21, 2006

o pintor e sua modelo

Málaga, Espanha (BlowUp Press) - Uma das facetas mais desconhecidas do pintor Pablo Picasso, a poesia, é revelada em um livro que começou a ser vendido recentemente como celebração do 125º aniversário do seu (dele) nascimento. Os textos foram reunidos pelo pesquisador Rafael Inglada, um dos principais estudiosos da vida e obra de Picasso, que também considera que "o Picasso claramente espanhol, andaluz e malaguenho está no Picasso escritor". O livro chama-se Textos Espanhóis (1894 a 1968) e traz temas taurinos e gastronômicos, os hábitos, costumes e as raízes e tradições espanholas. Este lado literário de Picasso é praticamente desconhecido do grande público, sendo conhecida apenas uma edição completa das suas obras - Picasso Écrite - publicada pela editora francesa Gallimard em 1979; e um livro publicado na Espanha em 1961, Trozo de Piel, onde se incluem alguns dos poemas do pintor, descobertos pelo então Prêmio Nobel de Literatura Camilo José Cela. (E.B.)
phBarrox, 2006 DUAS SEMANAS
Carlos Pessoa Rosa
A pedra tumultua a água. Há uma fronteira entre as águas e a névoa. Ondulações até a margem. Os pés no charco, folhas secas e amarelentas; outonais. Nebulosa memória que traz a imagem de uma embarcação azul, tal cisne, figura feminina e lunar: La barca azul de mi ilusión navega... O Coro. Noturno de Chopin. De onde? Dedilham no silêncio de vento e pólen. Enviam cintilações musicais, conversações de seda, cadentes fragmentos de poemas. O desnudar lento da verdade. A insônia que me faz caminhar nas madrugadas, a procura insana de um território onde a dor da perda seja fugaz, onde duendes curem com o recurso de suas florestas y vibra un mundo eterno de armonía.
Caminho sobre areia e pedras. A luz, um rebrilhar de luz nos cristais de luminárias centenárias. Ouvíamos a Sonata em Si Bemol Menor, o vinho tinto entornado da garrafa, fora chovia, lia sua mão, Tenéis a suavidad de las serenas manos de las princesas celestiales..., não desconfiava de nada quando você me comunicou a decisão, passo, então, as manhãs tentando desvendar os mistérios das rupturas, os mínimos sinais sísmicos que sinalizam para a perda, quero prever, me preparar, mas o que consigo é chegar cada vez mais próximo do delírio, daquilo que senti ao ver escorrer dos lábios ainda úmidos de vinho um fio de sangue: Me miro torvamente com mirada que era rencoroso puñal... Não disse nada, deixei sua mão escapulir, o corpo crescer na minha frente, permiti que desaparecesse para sempre na porta do Hotel Nacional.
Sube el incienso en espiral, y en tanto la barca azul de mi ilusión navega como si fuera un cisne sobre un lago... A vela enfurnada pelo vento, desabotôo a roupa de Ana, a brisa misturada ao suor e gemidos, no ouvido Balada em Sol Menor, os corpos agitados, Tú tienes la belleza peregrina de uma princesa delicada y fina, o mar relembrando poemas, você nua reparando o batom, os pêlos negros entre as coxas... Quem imaginaria no mar aberto um abismo? Sigo meu rastro como o cão seu rabo. Sua figura presente. O olhar quase sempre obliquado, o longo pescoço levemente inclinado, como se procurasse algum vão entre a vida e os mistérios da morte, La aldea y la cripta, y el silencio arcano de los obscuros templos, para lá se dirigiam seus olhos negros, imaginei um lugar também para mim, mas não, você optou pela serenidade da clausura, eu continuo vagando entre sombras, nesse formigueiro de gente incendiária, à procura da metade perdida, de uma muchachita de carne perfumada com água de Colônia y fabón de Castilla, a quien ame com una pasión vaga y sencilla, que nació de unos versos de amor y uma mirada.
Ondas arrebentam-se no muro de cimento, ciclistas pedalam em direção ao cais, barcos aguardam ordem para aportar, ouve-se a memória de Guevara em todos os guetos, El gaúcho de voz dura, brindo a Fidel su sangre guerrilera, y su ancha mano fue más compañera cuando fue nuestra noche más oscura. Che! Quando se rompeu o elo entre a realidade e a fantasia? Onde estará Ana? Talvez em ilha Blanca, onde dizem terem visto um pájaro que afina su flauta aristocrática y divina... Hoje, busco o bulício banal dos salões, passo as tardes vendo homens fugirem em câmaras-de-ar, procuram Anas perdidas, distraio-me com a impossibilidade, a névoa se foi, a barba cresce no rosto, Ana pode ter morrido de um mal quase romântico, o que sei é que, En realidad, apenas sufrimos o gozamos; hablamos 5 veces y 9 nos miramos. Fue um pasión que solo duró 14 dias.

venerdì, novembre 03, 2006

Mariana Piccione & Priscila Matsuoka, ph Barrox
crônicas da Camaleoa

Hilda Hilst chega com o dedo na cara e escreve sobre bunda, peito, pinto e xereca enquanto tentamos achar a Patagônia e a Terra do Fogo no mapa do Brasil e ainda há quem diga que literatura erótica é coisa suja, de gente pervertida que só pensa besteira e sem nenhum valor literário. Mete, mete dinheiro na cueca, na mala, na conta no estrangeiro e ela escreve sobre água vaginal apesar do professor dizer que essa linguagem não tem nada de literatura. R-E-A-L-I-D-A-D-E. Fugir dela, sentar nela, currá-la até o sangue começar a pingar e as crianças se curvarem todos os sábados na nossa frente pedindo um pouco de dinheiro pra qualquer coisa e os pais de longe, comandando tudo sem medo do HOMEM já que não têm mais nada a perder.
Literatura erótica, literatura marginal, literatura autobiográfica, literatura clássica, literatura feminina, literatura da periferia quem diria, meu amigo Canclini! O que é literatura? Eagleton e Nitrini me socorram! Salve a Literatura Comparada! Não se pode mais negar nem fazer de conta de que os blogs estão aí e todo mundo escreve e aquele escritor lá de onde o Judas perdeu as botas – seria da Terra do Fogo? – pode revelar ao mundo de que não precisa ser americano nem argentino pra ser um puta escritor. Não é a toa que o Prêmio Nobel de Literatura, este ano, foi para o turco Orhan Pamuk.
Paulo Coelho na Academia de Letras e na sala de aula Italo Calvino com Seis (cinco) Propostas para o Próximo Milênio me conta sobre Medusa e Perseu, lendas, fantasia, o carnavalesco e posso fazer uma certa diferença entre Anaïs Nin e Hilda Hilst. De novo as teorias são bem diferentes uma das outras e literatura erótica continua na margem. Mas onde está o centro, onde está a margem? Silviano Santiago X Harold Bloom.
Olha bem nos meus olhos e me diga: por quê mais uma antologia? Todo mundo escreve e está bem espalhado pelos continentes com sua língua, com seu sotaque, com a vivência cultural específica. É possível mapeá-los? Vinde a mim, GPS literário! Bandini que não é carne, nem peixe nem flor que se cheire, no quarto de hotel, pensando em Camila, escreve, escreve assim como eu, como você. Editoras brigam pra sobreviver e escritores brigam pra serem bem distribuídos enquanto Paulo Coelho pipoca pelas estações de metrô em São Paulo a preços populares. Por isso os discursos – de direita e de esquerda – são tão iguais. Nenhum deles se importa com nada... além do próprio umbigo.

giovedì, novembre 02, 2006

Cenas do cotidiano da cidade na exposição São Paulo a Lápis,
de Marcelo Senna
foi o destaque em novembro de 2006
no Restaurante Consulado Mineiro da Praça Benedito Calixto

martedì, ottobre 24, 2006

phBarrox


edição#47
JULIA PORTO
produção Rita Santilli
assistente Camaleoa

mercoledì, ottobre 18, 2006

phBarrox
Empório das Gerais
agora junto ao restaurante Consulado Mineiro da Cônego.
tem artesanato, bordados, cachaças e doces típicos de Minas, tudo ali na Cônego Eugênio Leite quase esquina com a rua Pinheiros.
Informações:
(11) 3081-0927.

martedì, ottobre 17, 2006


JAZZ
QUANTO MAIS VELHO MELHOR
por Rebecca Navarro Frassetto
O cheiro da noite pairava na frente do cemitério, feliz da vila onde ali JAZZ uma balada de outono-primavera-verão.
Havia quem ia e vinha pra ver os caras entrarem ou tocarem ao som do vinho que o outro cara nos ofereceu ali mesmo na porta, no canto da boca da boca seca que pensava na pedida do banco, balcão, cotovelo no bar!
Quatro anos sem parar! Sem pares. Nem pares. De repente alguém com charuto sabor chocolate veio nos saudar confundindo o cheiro da noite, já que você não está em outra e nem pretende estar. Quem ficou teve a cadência do bar que sabe do fim de tarde, que entende da noite, dos cantores, dos amantes do jazz. Quem ficou sabe bem das horas, daquelas que passam ao som de Lanny, Aluá Nascimento, Renato Consorte, Thiago Righi, Beto Bertani, Pollaco, Projeto Fuzuê, Silvio, Galucci, Ivan Paiakan, Guto Brambila, Bossa Sampa e tantos outros que quando você menos espera estão ali pra te surpreender. Quem chegou, já veio diferente. Veio músico de Paris, do Louvre, da Torre Eifel. Quem entrou tinha barba, bigode, cavanhaque, guitarra, bateria, trompetes e saxofone, veio de mão dada, de coração batendo mais forte, de saia, de esmalte vermelho e unhas por fazer. Quem esperou do lado de fora fumou um cigarro e, no lado de dentro até o intervalo era bom de esperar.
O Teta foi desses que transformou a noite da cidade e os arredores do cemitério em algo melhor, algo de charme avec Brasil, algo entre o licor e a cachaça a poesia e a piada bem dita. Não é a toa que vale celebrar quatro anos, seis meses e mais alguns dias de um bar que desde sempre ofereceu sua graça de graça instigante e melhorou com o tempo só pra gente gozar dos bons momentos ainda que seja num bate papo à beira da porta do lado de fora com a alma por ali, viva no meio do cheiro da noite em uma noite qualquer.

serviço:
TETA JAZZ BAR
r. Cardeal Arcoverde
(em frente ao... adivinha!).
maiores informações confira a programação diária do Teta
na página 2 da versão impressa
deste (também) irresistível mensário

CRÔNICAS DA CAMALEOA
Letras em Cena
Fiz a peça como se fosse uma brincadeira, foi a frase de Elias Andreato durante o bate-papo depois da leitura de Mãe é Carma, um dos textos teatrais lidos no projeto Letras em Cena que vem sendo apresentado todas as segundas no MASP. Brincadeira, assim como as sandices bacanas de Cage no piano preparado, que deu muito certo e não é exclusividade de um momento apenas, não, é um conjunto que começa desde a elaboração do projeto que surgiu com a idéia de Clóvis Torres e Marina Mesquita.
Porque a motivação inicial era essa de se reunir para ler, pelo simples prazer da leitura e não para discussões filosóficas e técnicas sobre teatro. Clóvis e Marina programaram uma agenda que proporciona ao público que gosta de teatro saber um pouco mais sobre o processo de criação dos autores e estes a apresentarem seus trabalhos, suas propostas de roteiro. Uma leitura de um clássico da dramaturgia universal, um sucesso de público nos palcos brasileiros, um convidado contemporâneo – de vários estados do País – e um dramaturgo paulista. Ao todo são dez trabalhos de cada módulo ao longo de nove meses de duração do projeto.
E por aí vai a liberdade de fazer arte, brincando para que a dona-de-casa possa sair de sua rotina e descobrir um mundo que até então era desconhecido. Há satisfação nos olhos de Clóvis e Marina e há emoção em quem vai e assiste a leitura, assim como aconteceu com Patrícia que ao falar do texto de Andreato se emocionou e lá de onde eu estava eram visíveis as lágrimas da atriz Claudia Missura pela morte de sua personagem Cida.
Letras em Cena é um projeto que caminha por si só, talvez por conta desse espírito de leveza e compromisso que toda criança tem com seu brinquedo, e já levou atores como Paulo Autran, Rosi Campos, Cida Moreira, Karin Rodrigues, Lima Duarte e tantos outros que lá estiveram e estão por aparecer pelo simples – de novo – gosto da diversão, do encontro de amigos. Ninguém recebe cachê. Clóvis e Marina não estão sentados num banco de praça reclamando falta de patrocínio ou esperando a aprovação do projeto pela Lei Rouanet. E quando sair – e é preciso que isso aconteça – será porque o projeto tem vida própria não exclusivamente por apelos ou conchavos político-culturais.
O interesse pelo projeto Letras em Cena também é perceptível no site que conta com 135 comentários e 30 mil visitas diárias. Marina conta que só durante uma semana recebeu 200 cadastros de pessoas que querem acompanhar a programação semana a semana. Ainda há grupos de escolas, de jovens do ensino médio, que depois de participarem da leitura produzem seus próprios roteiros.
Muito mais do que isso são os aplausos no final da leitura e o público que levanta tomado por tanta alegria e aplaude sem parar porque entendeu, porque se emocionou, porque interagiu num processo – que a princípio parece tão simples – no qual ele é o mais importante. Somos o que experimentamos. Clóvis e Marina proporcionam esse encontro, de graça, sem pretensões mesquinhas por isso ouvem com muita atenção o que cada um que levanta o braço tem a dizer e respondem e explicam e se organizam para que as colocações sejam democráticas.
Então se você estiver numa segunda cansado de conversa fiada por aí ou quiser um programa inteligente e diferente não deixe que o barulho da cidade te arraste desnecessariamente até sua casa. Aproveite e caminhe e olhe nos olhos das pessoas que andam apressadas pelas calçadas, que saem ligeiras dos metrôs e ligue para os amigos e sugira um encontro na Paulista, na frente do MASP, às 7h (porque é bom chegar meia hora antes), para chorar um bocado, para rir muito a ponto de doer o estômago porque a vida, meu irmão, não é só trabalho, nem só dinheiro. A vida é pura diversão.

As leituras dramáticas do Letras em Cena acontecem às segundas-feiras a partir das 19:30h
no Grande Auditório do MASP, na av. Paulista.
As inscrições podem ser feitas
gratuitamente pelo sítio www.letrasemcena.art.br
ou ou pelos tels. (11) 3086.4224 e 9635.8599.

lunedì, settembre 18, 2006

e não é que deu certo? a 'sorte' do Jornal da Praça, feita num realejo no ano da graça de 2002 (reprodução Rebecca N Frassetto)

domenica, settembre 10, 2006

Carolina & Eliza Marangoni Cerisola, ph Barrox, 2006

sabato, settembre 09, 2006

phDivulgação
Manifestante de grupo de defesa dos animais
protesta nua
contra o consumo de carne
no centro de Londres
Thais Ito por Barrox,2006

VÓS DA PRAÇA

E aquela porta que você não abriu, sabe? Passou reto e ignorou bonito!
Tem também aquele cara que te olhou,
mas você estava de salto na calçada
da Paulista –
e com pressa.
Teve que caminhar de cabeça erguida, olhos no chão e logo esqueceu
o sujeito.
E se o Bento ficasse
com a Leda,
a Maricota e a Becky?
Será que Valparaíso vai sumir do mapa mesmo?

o que há nesse
buraco negro
de vosso conhecimento?


Thais ITO

venerdì, settembre 08, 2006


Atriz pornô posa nua para revista britânica

A atriz pornô Jenna Jameson, 32 anos, é a atração da edição de setembro da revista britânica Maxim. Jenna faz um ensaio muito sensual para a publicação, posando só de meia-calça. O ensaio foi realizado sobre uma cama de lençóis brancos. A bela Jameson também tem frequentado as páginas dos tablóides sensacionalistas por sua caliente amizade com a herdeira Paris Hilton. Semanas atrás as duas foram fotografadas trocando carícias na saída da boate Hyde, em Los Angeles (EUA). Antes disso, no início de agosto, a modelo foi homenageada pelo museu Madame Tussaud de Las Vegas com uma estátua de cera. A estátua aparece de calcinha e sem sutiã ajoelhada em uma cama. Com isso ela também se tornou a primeira atriz pornô a participar do famoso museu. (EB)
46 de la Place
phBarrox, série Cotidianos & Impertinências, 2006
fotografia de capa edição #46, setembro 2006

para gritar em praças
alisar estátuas seminuas
em dias de solidão
segura na minha mão, Joe
e mesmo que eu não tenha limites
e minha voz soe tão alto
quanto as sirenes das ambulâncias
eu estarei sempre lá
a fotografar cofrinhos
a olhar o SOL por la Plaza
Camaleoa

‘Eu quero ficar no teu corpo...’
Não vejo a hora de sentir a sua barba raspando minha nuca
Sua boca, bem maior que a minha, morder meus lábios
Beijar meu corpo inteiro
Com a aspereza do seu rosto de dias longe do espelho
Sentir suas mãos percorrer cada entrada, cada curva,
cada movimento do meu mexer sob você
Envolta em vocêMisturada em você
Entregue as delícias todas que vão se desenhando
como dança de felinos
Eu e vocêDois felinos lambendo o leite, esfomeados de desejo
Vejo o brilho dos teus olhos pequenos
Assim como os meus querendo a cada momento mais
Mais
Gemer como um miar, um miar de cio, um miar de quatro, um miar de gozos
Pausas e novamente a coreografia de corpos que se procuram
Se fundem
Se desmontam de tanto prazerSe amolecem depois de cada grito de prazer
A cada penetração o delírio da eternidade
A cada palavra dita rocamente a delícia
das fantasias sendo realizadas
Sob a roupa de cama molhada de tanto querer"...
e nos músculos exaustos do seu braço...
Frouxa,
Morta de cansaço..."
Até que novamente,
As bocas se encontram e tudo se inicia...
Ferozmente...
Rita Santilli
Jornal da Praça # 46, setembro 2006
phBarrox,2006
CRÔNICAS DA CAMALEOA
É sábado e ela está pela primeira vez na Praça Benedito Calixto e caminha entre barracas e pessoas desconhecidas e o cara acena para um e outro e apresenta Obeny que oferece um brigadeiro acompanhado de deus te abençoe, e depois riem muito com Celso dos cds perguntando do Baba Cósmica e aí o cara beija Tânia que fala do curso de alimentação orgânica e apresenta Edson Lima - do Autor na Praça - e mostra a criatividade das irmãs Ereza e Linda e provoca com o clic da câmera o sorriso de olhos apertados de mari Blue e provoca Ângela que fala, que beija, que comanda, que registra buracos quentes e caldos de feijão e um incrivel sanduíche de pernil.
Não que a Praça Benedito Calixto seja algo fora do comum – e é – mas há um cheiro de acarajé e pastel e caldo de cana misturado com chorinho e tudo o mais que acontece ali entre a Cardeal e a Teodoro Sampaio que não se vê, nem se sente, em nenhuma outra praça. Plaza cheia de meninas largadas, tatuadas, cheirosas, tetudas, com charme paulistano e de toda parte deste Planeta que caminham com certa graça sozinhas ou acompanhadas de garotos bonitos, altos e baixos, com cabelos longos, raspados, com piercings, com rastafaris que levam pra passeio os cães de todas as raças que desfilam entre barracas e crianças de todas as idades acompanhadas da vovó e suas amigas que gostam e curtem sair aos finais de semana e se divertem ao encontrar amigos que andam lado a lado, de mãos dadas e se beijam apaixonados porque não têm nada a esconder, nem o que explicar e por isso se amam publicamente. Não há nada que faça ela relaxar porque tudo é tão novidade e as coisas acontecem tão rápido e ao mesmo tempo que só o silêncio e o tempo podem resolver e organizar tantas sensações e cheiros. Jornal da Praça no banco de la place e ele ao lado clic ela ao alto olhando para longe dali, pensamentos ainda na outra cidade, e nele que clic Delia e Luiz conversam sobre os caminhos até aqui e ela sorri pra ele enquanto Débora clic acende outro cigarro e Taís chega pra mais uma entrevista pro projeto de final de curso da faculdade e clic Jader que fala de literatura e arte e clic a moça que acaba de dar um beijo apaixonado. Nele.
Praça Benedito Calixto, São Paulo, Jornal da Praça, é ele quem faz tudo diferente e reúne tanta gente e sonha feito criança e fotografa sonhos e filmes em dias banais, em cenas cheia de tédio e rotina que faz eu e você acreditar que tudo é possível e me deixa sem palavras, totalmente sem jeito, porque qualquer coisa que eu pense ou diga parece não ter sentido algum – desnecessário – falar de novo que suas fotografias são geniais e toda aquela diagramação du caralho me fazem acreditar mais uma vez que existe gente assim que trabalha brincando desenhando paixão em imagens, poesia, jornais e revistas. Há um pouco disso pelas ruas de São Paulo, em mim, e há quem diga que ainda o vê pelas avenidas do Rio de Janeiro, em cafés da Argentina e da França. Há Barrox demais em mim.
Então sai o Jornal da Praça 46 pra gente se divertir e é setembro, sempre mês de aniversário e todo mundo se beija e se abraça porque é bom fazer parte disso tudo e nos conhecermos e ainda bem que estamos vivos e conscientes – será? – pra registrar Bené (?), Jornal da Praça e tudo o mais que une tanta gente (des)conhecida num mesmo lugar ou em lugar nenhum. Afinal foi lá onde a gente se encontrou pela primeira vez, não foi?

Camaleoa é blogueira, jornalista
e jura de pés juntos
que é prima de Arturo Bandini