martedì, novembre 21, 2006

phBarrox, 2006 DUAS SEMANAS
Carlos Pessoa Rosa
A pedra tumultua a água. Há uma fronteira entre as águas e a névoa. Ondulações até a margem. Os pés no charco, folhas secas e amarelentas; outonais. Nebulosa memória que traz a imagem de uma embarcação azul, tal cisne, figura feminina e lunar: La barca azul de mi ilusión navega... O Coro. Noturno de Chopin. De onde? Dedilham no silêncio de vento e pólen. Enviam cintilações musicais, conversações de seda, cadentes fragmentos de poemas. O desnudar lento da verdade. A insônia que me faz caminhar nas madrugadas, a procura insana de um território onde a dor da perda seja fugaz, onde duendes curem com o recurso de suas florestas y vibra un mundo eterno de armonía.
Caminho sobre areia e pedras. A luz, um rebrilhar de luz nos cristais de luminárias centenárias. Ouvíamos a Sonata em Si Bemol Menor, o vinho tinto entornado da garrafa, fora chovia, lia sua mão, Tenéis a suavidad de las serenas manos de las princesas celestiales..., não desconfiava de nada quando você me comunicou a decisão, passo, então, as manhãs tentando desvendar os mistérios das rupturas, os mínimos sinais sísmicos que sinalizam para a perda, quero prever, me preparar, mas o que consigo é chegar cada vez mais próximo do delírio, daquilo que senti ao ver escorrer dos lábios ainda úmidos de vinho um fio de sangue: Me miro torvamente com mirada que era rencoroso puñal... Não disse nada, deixei sua mão escapulir, o corpo crescer na minha frente, permiti que desaparecesse para sempre na porta do Hotel Nacional.
Sube el incienso en espiral, y en tanto la barca azul de mi ilusión navega como si fuera un cisne sobre un lago... A vela enfurnada pelo vento, desabotôo a roupa de Ana, a brisa misturada ao suor e gemidos, no ouvido Balada em Sol Menor, os corpos agitados, Tú tienes la belleza peregrina de uma princesa delicada y fina, o mar relembrando poemas, você nua reparando o batom, os pêlos negros entre as coxas... Quem imaginaria no mar aberto um abismo? Sigo meu rastro como o cão seu rabo. Sua figura presente. O olhar quase sempre obliquado, o longo pescoço levemente inclinado, como se procurasse algum vão entre a vida e os mistérios da morte, La aldea y la cripta, y el silencio arcano de los obscuros templos, para lá se dirigiam seus olhos negros, imaginei um lugar também para mim, mas não, você optou pela serenidade da clausura, eu continuo vagando entre sombras, nesse formigueiro de gente incendiária, à procura da metade perdida, de uma muchachita de carne perfumada com água de Colônia y fabón de Castilla, a quien ame com una pasión vaga y sencilla, que nació de unos versos de amor y uma mirada.
Ondas arrebentam-se no muro de cimento, ciclistas pedalam em direção ao cais, barcos aguardam ordem para aportar, ouve-se a memória de Guevara em todos os guetos, El gaúcho de voz dura, brindo a Fidel su sangre guerrilera, y su ancha mano fue más compañera cuando fue nuestra noche más oscura. Che! Quando se rompeu o elo entre a realidade e a fantasia? Onde estará Ana? Talvez em ilha Blanca, onde dizem terem visto um pájaro que afina su flauta aristocrática y divina... Hoje, busco o bulício banal dos salões, passo as tardes vendo homens fugirem em câmaras-de-ar, procuram Anas perdidas, distraio-me com a impossibilidade, a névoa se foi, a barba cresce no rosto, Ana pode ter morrido de um mal quase romântico, o que sei é que, En realidad, apenas sufrimos o gozamos; hablamos 5 veces y 9 nos miramos. Fue um pasión que solo duró 14 dias.

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