mercoledì, dicembre 17, 2008

A edição#67 do Sol/Jornal da Praça - que circulou em novembro - também fechou a programação editorial do ano de 2008. O jornal retoma retoma atividades e circulação nos melhores espaços culturais da cidade a partir da última semana de janeiro 2009 quando trará edição especial sobre a cidade de Sâo Paulo e o artista Flávio de Carvalho.
Sol/Jornal da Praça e seus editores agradecem a todos os anunciantes, colaboradores, simpatizantes e leitores e
deseja a todos um
feliz 2009
repleto de boas realizações

Fechando a programação de 2008, o projeto O Autor na Praça recebeu o poeta recifense João Cláudio Flávio Cordeiro da Silva, mais conhecido como Miró da Muribeca. Criador do mote: “Merece um tiro quem inventou a bala”, Miró apresentou performances poéticas e autógrafos dos livros “Poemas para sentir tesão, ou não”, “Tu tás aonde?” e o DVD "Miró: Preto, Pobre, Poeta e Periférico", um documentário premiado, dirigido por Wilson Freire de Lima, que retrata sua trajetória artística e de vida.

domenica, novembre 09, 2008


Mostra inaugurada em Londres (Inglaterra) reúne fotografias de guerra feitas pelo renomado Robert Capa entre os anos de 1936 e 1945. This is War, em cartaz na Galeria Barbican, traz imagens famosas como a da chegada dos soldados numa praia francesa no início das operações do Dia D, o desembarque de várias tropas das forças aliadas na costa da Normandia e que acabou, de certa forma, mudando o rumo da II Guerra Mundial. Além destas, as séries escolhidas para compor a mostra incluem imagens realizadas por Capa durante a Guerra Civil da Espanha, a Segunda Guerra Sino-Japonesa, Guerra de Independência de Israel e a Guerra da Indochina.
Outro destaque da exposição fica por conta das imagens da recém-descoberta ‘mala mexicana’, uma valise que pertencia ao fotógrafo e que ficou perdida por 70 anos. Na mala foram encontradas fotografias inéditas feitas durante a Guerra Civil espanhola, inclusive do movimento dos refugiados saindo de Barcelona em direção à França.
Como não poderia deixar de ser, um dos trabalhos mais polêmicos da exposição é também uma dos mais conhecidos do fotógrafo: O Soldado Caindo, feita em 5 de setembro de 1936 em Córdoba. Como se isso tivesse alguma importância, têm se discutido muito sobre a autenticidade da foto (acima), que mostra um soldado baleado caindo no momento de sua (dele) morte, ainda com o rifle na mão. Na década de 70 do século passado, começaram as especulações de que o soldado teria, na verdade, posado para o fotógrafo e que a cena não seria real.
Seja como for, Capa morreu como viveu: perigosamente. Mais exatamente em maio de 1954, ao pisar em uma mina terrestre enquanto fotografava as manobras francesas no delta do Rio Vermelho.
A Barbican Art Gallery fica na Silk Street, EC2Y 8DS, Londres, e a exposição vai até 25 de janeiro. (MT)

martedì, novembre 04, 2008


Na primeira semana de novembro, tarde de autógrafos do jornalista Wladimir Soares com seu livro Spazio Pirandello, assim era se lhe parece, que conta histórias do restaurante paulistano, um dos mais cultuados na década de 80. O livro tem imagens e registros de momentos inesquecíveis vividos no espaço que era misto de bar, restaurante, livraria e galeria de arte; além de ponto de encontro de artistas e intelectuais.

martedì, ottobre 28, 2008

Roberto PIVA: PIAZZACALIXTO

Flavio Viegas Amoreira

Praça Benedito Calixto, Sampa: numa clareira onde o transe poético em magma se fazia: dia 26 de julho Roberto Piva empunhava cálice e a deusa Mnemósine, personificação da ‘Memória’, irmã de Cronos e de Oceanos, mãe de todas as Musas. Onisciente o bardo xamânico evocava a lírica dos primórdios, a genealogia do encantamento, as cosmoagonias em transe continuum... Obsessivo, heterodoxo, nunca me filiei à ‘tchurmas’ literárias: sem ortodoxias, bebi das fonte paranóides de Piva e das galácticas de Haroldo: "gosto de gostar das coisas", dizia Warhol. As damas de Sampa olhavam curiosas Aguillar e o mestre Piva: Alta Cultura na praça são happening provocativo à burguesia desavisada: um orgasmo esse de fazer o ‘mix’ entre o poético-litúrgico e o shopping-utilitário: "Uma tarde/é suficiente para ficar louco" assim abre-se "Um estrangeiro na legião", reunião do clássico paulistano: uranista-erudito, meu mestre Roberto Piva brilhava frágil como os fortes do Tão "mostrando-nos um pedaço cru e sangrento de verdade’’ (Salvador Dali).
Eu vi "Astrakan’’ na Benedito Calixto: "Eu vi uma linda cidade cujo nome esqueci/onde manifestos niilistas distribuindo pensamentos puxam a descarga sobre o mundo’’ e segui até o termino tresloucado entre o desmanche dum sábado de caloroso inverno "sem o amor encontrado/provado/sonhado/sem procurar compreender/imaginar’’; leio, tresleio, sinto as "Piazzas’’ e seus estômagos "nascendo/no lindo lugar/de um amável coração/um banco revirado/cheio de silêncio/a tarde/sorrindo de frio/para poucas/cenas de ciúme ou Rimbaud beijando as pessoas/sua máscara lógica/dor irradiando/no ar/sobre o olhar sonâmbulo do anjo que ainda grita’’. Em tempos de literatura broxa, tive momento mágico: fui um anjo de Win Wenders espreitando o arcano bruxo: fiz-me Nietzsche até Santos: "Corre o rio do meu amor para o insuperável? Como não encontraria um rio enfim o caminho do mar?’’
Ficamos loucos na piazza piviana: "No alto do Viaduto o louco colava pedacinhos de céu na camisa de força destruindo o horizonte a marteladas/a Morte é um REFRÃO NO CRÂNIO SEM JANELAS’’. Eu que te buscava Roberto Piva: "apalpo teu livro onde as estrelas se refletem como numa lagoa". Torno ao Oceano e Roberto Piva faz-me lembrar urubus e garças atômicas. Um meteoro devastador não detêm ímpeto poético: seguirei "Apophis’’, o asteróide rompedor cantando uma ode cósmica. A morte é a ficção dos não-iniciados. Filho de Sodoma, Ludwig II benedito-maldito: Oceano-me.

Flávio Viegas Amoreira é escritor & crítico literário
www.revistapausa.blogspot.com

lunedì, agosto 04, 2008

Destacado autor e ator de teatro, cinema e televisão, Gianfrancesco Guarnieri - falecido em 2006 - também se destacou como cronista, embora essa sua produção seja pouco conhecida. Convidado por Jorge da Cunha Lima - na época editor do jornal Última Hora paulistano - Guarnieri escreveu crônicas diárias retratando a vida dos trabalhadores, sempre na segunda página do caderno cultural do periódico, o UH Revista, entre fevereiro e abril de 1964.
O resgate dessa faceta quase desconhecida de Guarnieri deve-se ao trabalho do jornalista Worney Almeida de Souza que, além recuperar as crônicas ilustradas com trabalhos do cartunista Otávio, fez um levantamento das manchetes da publicação, descrevendo a evolução da conjuntura nos meses que antecederam o golpe militar. O livro - lançado no projeto O Autor na Praça em agosto - ainda traz biografias e uma ampla compilação da produção intelectual de Guarnieri, incluindo a memória da peça O Filho do Cão, que o autor encenava no período focalizado.
O lançamento também celebra os 50 anos da primeira encenação da peça teatral Eles Não Usam Black-Tie (22 de fevereiro de 1958), que levou ao palco o cotidiano dos trabalhadores urbanos brasileiros, além de ter se tornado uma espécie de osso duro de roer para os militares golpistas.


CRÔNICAS 1964,
de Gianfrancesco Guarnieri,
ilustrações de Otávio,
organizado pelo jornalista
Worney Almeida de Souza

sabato, luglio 26, 2008

lunedì, luglio 21, 2008

o autor na praça & arte na praça
phBarrox
happening poético
poeta Roberto Piva
no Autor na Praça

tarde de autógrafos realizada sábado, 26 de julho
no Espaço Plínio Marcos
na Feira de Arte da Praça Benedito Calixto
produção Rita Alves

Manifesto Utópico-Ecológico
em Defesa da Poesia & do Delírio


Invocação


Ao Grande deus Dagon de olhos de fogo, ao deus da vegetação Dionisos, ao deus Puer que hipnotiza o Universo com seu ânus de diamante, ao deus Escorpião atravessando a cabeça do Anjo, ao deus Luper que desafiou as galáxias roedoras, a Baal deus da pedra negra, a Xangô deus-caralho fecundador da Tempestade.
Eu defendo o direito de todo ser Humano ao Pão & à Poesia. Estamos sendo destruídos em nosso núcleo biológico, nosso espaço vital & dos animais está reduzido a proporções ínfimas quero dizer que o torniquete da civilização está provocando dor no corpo & baba histérica o delírio foi afastado da Teoria do Conhecimento & nossas escolas estão atrasadas pelo menos cem anos em relação às últimas descobertas científicas no campo da física, biologia, astronomia, linguagem, pesquisa espacial, religião, ecologia, poesia-cósmica, etc., provocando abandono das escolas no vício de linguagem & perda de tempo em currículos de adestramento, onde nunca ninguém vai estudar Einstein, Gerard de Nerval, Nietzsche, Gilberto Freyre, J. Rostand, Fourier, W. Heinsenberg, Paul Goodman, Virgílio, Murilo Mendes, Max Born, Sousandrade, Hynek, G. Benn, Barthes, Robert Sheckley, Rimbaud, Raymond Roussel, Leopardi, Trakl, Rajneesh, Catulo, Crevel, São Francisco, Vico, Darwin, Blake, Blavatsky, Krucënych, Joyce, Reverdy, Villon, Novalis, Marinetti, Heidegger & Jacob Boehme & por essa razão a escola se coagulou em Galinheiro onde se choca a histeria, o torcicolo & repressão sexual, não existindo mais saída a não ser fechá-la & transformá-la em Cinema onde crianças & adolescentes sigam de novo as pegadas da Fantasia com muita bolinação no escuro.
Os partidos políticos brasileiros não têm nenhuma preocupação em trazer a UTOPIA para o quotidiano. Por isso em nome da saúde mental das novas gerações eu reivindico o seguinte:
1 - Transformar a Praça da Sé em horta coletiva & pública.
2 - Distribuir obras dos poetas brasileiros entre os garotos (as) da Febem, únicos capazes de transformar a violência & angústia de suas almas em música das esferas.
3 - Saunas para o povo.
4 - Construção urgente de mictórios públicos (existem pouquíssimos, o que prova que nossos políticos nunca andam a Pé ) & espelhos.
5 - Fazer da Onça (pintada, preta & suçuarana) o Totem da nacionalidade. Organizar grupos de Proteção à Onça em seu habitat natural. Devolver as onças que vivem trançadas em zoológicos às florestas. Abertura de inscrições para voluntários que queiram se comunicar telepaticamente com as onças para sabermos de suas reais dificuldades. Desta maneira as onças poderiam passar uma temporada de 2 semanas entre os homens & nesse período poderiam servir de guias & professores na orientação das crianças cegas.
6 - Criação de uma política eficiente & com grande informação ao público em relação aos Discos-Voadores. Formação de grupos de contato & troca de informação. Facilitar relações eróticas entre terrestres & tripulantes dos OVNIS.
7 - Nova orientação dos neurônios através da Gastronomia Combinada & da Respiração.
8 - Distribuição de manuais entre sexólogas (os) explicando por que o coito anal derruba o Kapital
9 - Banquetes oferecidos à população pela Federação das Indústrias.
10 - Provocar o surgimento da Bossa-Nova Metafísica & do Pornosamba. O Estado mantém as pessoas ocupadas o tempo integral para que elas NÃO pensem eroticamente, libertariamente. Novalis, o poeta do romantismo alemão que contemplou a Flor Azul, afirmou: "Quem é muito velho para delirar evite reuniões juvenis. Agora é tempo de saturnais literárias. Quanto mais variada a vida tanto melhor ".


Roberto Piva

martedì, luglio 08, 2008


Atração do projeto O Autor na Praça em julho, o jornalista Nirlando Beirão fez tarde de autógrafos de seu novo trabalho 'Original - Histórias de Um Bar Comum'.
Espécie de elogio à boêmia, o livro é resultado de pesquisa que recolheu curiosidades dos bares mais famosos da história e usa como pano de fundo o paulistano bar Original. Com linguagem apetitosa - como não podia deixar de ser para se tratar desse tema - o jornalista traz ao leitor uma viagem fazendo referências a episódios ligados a personalidades boêmias, como Sartre, Hemingway, Oscar Wilde, James Joyce e os brasileiros Vinicius de Moraes e Noel Rosa. Falando sobre esses e outros personagens e sobre todos os freqüentadores assíduos dos botecos mundiais, Beirão ressalta: “Bar, botequim, boteco, pub, café, tasca, birosca, petisqueira, bodega, taberna, cervejaria, cabaré, saloon – não importa o título, o lugar, a categoria nem a hierarquia, é o espírito democrático que sempre preside as libações, na generosa presunção de que, até prova em contrário, todo mundo ali é bom sujeito”. Antes disso, porém, o aperitivo são os botecos nacionais. O jornalista faz um roteiro sagrado dos bares paulistanos e cariocas mais clássicos, defendendo, é claro, entre chopes e petiscos, a boêmia tradicional de São Paulo. O livro também cita os botequins que abriram caminho à boêmia da capital paulista e serviram de inspiração ao Original, seja em festivais ou no batismo de pratos e petiscos da casa. O Bar do Léo e o Elídio, por exemplo, surgem como templos e são louvados em cada palavra cuidadosamente escolhida pelo jornalista. Algumas receitinhas reveladas e os Dez Mandamentos do chope também recheiam a publicação. Editado pela DBA (137 págs. – R$ 65,00), Original - Histórias de Um Bar Comum tem aperitivo e saideira de Washington Olivetto, fotografias de Romulo Fialdini e projeto gráfico de Victor Burton.

domenica, giugno 22, 2008

JdP#63, mai-jun 2008,
imagem de capa escritora Camille M., ph Barrox

Celso de Alencar

CONFISSÃO
Senhor,
caminhavam nas margens do rio
os homens que falavam com paciência.
Iam com lentidão
levando cestos com laranjas
e sacos de panos toscos
com três cachorros e quatro coelhos
recém-nascidos, dentro.
Eu lhes disse que os peixes
que nesse rio viviam
foram trazidos de outro rio
e todos eram fêmeas
e pariam filhotes com olhos
e bocas de mulheres que
amamentavam durante à noite.
Em nada que de mim saía, acreditaram
e continuaram o percurso.
Olhei o rio e os peixes.
As pessoas curvadas que se distanciavam.
Senti cheiro de suco de laranja
escorrendo nos meus braços,
sons estranhos de choro de cachorros
vagido de coelhos
e curtos gritos de homens.


de Poemas Perversos

Rita Alves
O BEIJO DO GATO
Não esperou que eu fechasse os olhos
Lambeu meu lábio
Riscou lentamente um rio no meu rosto
Leite morno
Que eu bebo sozinha

venerdì, giugno 20, 2008

phDivulgação
a cidade de São paulo no começo do século XX é recriada pelo artista Eduardo Kobra

Arte na Praça
por Edson Lima
Em sua 2º edição o Arte na Praça - iniciado em abril com o performático artista plástico Ivald Granato - trouxe o artista e muralista Eduardo Kobra ao Espaço Plínio Marcos, na Feira de Arte da Praça Benedito Calixto.
ARTE NA PRAÇA

Iniciativa deste Jornal da Praça em parceria com O Autor na Praça o novo projeto é tribuna livre e espaço aberto a todos os artistas visuais interessados em compartilhar parte de seus processos de trabalho com o público.

lunedì, maggio 12, 2008

edição#63, abril-maio 2008, ph Barrox
Benedito

Mostra São Paulo seu cartão postal de tarde ensolarada em dia de sábado na praça com todas as suas garotas em pernas e colos nus entre colares e lenços e máquinas fotográficas e livros e vinis e cadeiras e quadros pendurados pelas esquinas da Cardeal e Teodoro Sampaio entre carros e motos envenenadas porque não há mais nenhuma razão para esperar ou para correr – basta sentar e enamorar-se de cores e cheiros, talvez de carinhos e beijos enquanto alguém escreve autógrafos ou desenha ou pinta uma tela em branco e transborda tinta em concreto quando tudo parece estar (semi) morto numa completa inexistência de sonho ou romance. Poderia ser Paris ou Nova York, mas é certo que a poesia se diluiu e tranformou-se em outra coisa, mas ainda há quem suba em árvores e cante mesmo quando o (falso) silêncio permeia a possibilidade de se fazer arte – que seria a mesma coisa de se celebrar o dia.

Camaleoa

giovedì, maggio 08, 2008

ph Carolina Millor
Vivian Amarante é uma artista brasileira, que vive em Barcelona há 4 anos. A arquitetura de sua música nos remete a construções de uma poeta analítica que recorta da vida trechos cotidianos com delicadeza e profundidade, um convite a ouvir e pensar, sorrir e chorar, dançar.
Vivian está no Brasil gravando seu primeiro disco, com instrumentistas brasileiros. Noite dessas, de passagem e chuva pela Benedito Calixto, foi como se estivesse sendo levada pelo vento. À medida que ela me mostrava suas letras e melodias, senti um gosto peculiar do nosso país muito bem resolvido e misturado ao cheiro de café no ar, que pairava tranqüilo enquanto borboletas coloridas podiam dançar junto aos mosaicos dos jardins de Gaudí, tudo ao mesmo tempo. O trabalho, agora bem solidificado e às vésperas de ser projetado para o mundo, merece ser conferido.
Lilian Alves

lunedì, aprile 21, 2008

leituras dramáticas no MASP
todas as segundas-feiras às 19:30h
entrada gratuita

martedì, aprile 08, 2008

phBarrox
A Feira da Benedito Calixto, em São Paulo, acaba de ganhar mais uma alternativa de arte & cultura. É o projeto Arte na Praça, criado, elaborado e desenvolvido por este Jornal da Praça e que tem como objetivo apresentar mensalmente no Espaço Plínio Marcos um artista e sua obra através de happenings, diálogos e exposição de seus trabalhos, proporcionando um contato direto entre artista e público. Abrindo esta nova fase, Arte na Praça apresentou o artista performático Ivald Granato, que autografou seu novo livro Ivald Granato Art Performance, da Coleção Portfolio Brasil (J.J. Carol Editora). A obra mostra performances do artista do período de 1978 até os dias atuais.

giovedì, marzo 27, 2008

phBarrox
O coletivo de arte Dulcinéia Catadora foi a primeira atração do projeto O Autor na Praça em 2008. Integrantes do grupo se apresentaram e realizaram oficina no Espaço Plínio Marcos - Feira de Arte da Praça Benedito Calixto - no sábado 29 de março.
O Dulcinéia Catadora edita livros com capas de papelão feitas por adolescentes recém-saídos das ruas, catadores de papel e filhos de catadores. Além disso o grupo conta com a participação de escritores e artistas plásticos, como Lucia Rosa - que iniciou a versão brasileira do original argentino Eloisa Cartonera, conhecido no Brasil a partir de sua participação na 27ª Bienal de São Paulo.
Os trabalhos são realizados numa pequena sala cedida pelo Projeto Aprendiz no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, e editados a partir de textos cedidos pelos próprios autores. Com isso já foram feitos livros de autores consagrados como Haroldo de Campos, Jorge Mautner e Carlos Pessoa Rosa, entre outros. Além desses, Lucia soma nomes de escritores desconhecidos vindos de situações-limite, como o ex-sem teto Sebastião Nicomedes.
Dulcinéia Catadora é um dos quatro projetos de já criados na América do Sul: além dele e do Eloisa Cartonera, existem núcleos no Peru - o Sarita Cartonera - e o Yerba Mala, na Bolívia. O conceito que une os grupos é a difusão de novos autores pela América Latina através destes caminhos editoriais alternativos.
Os trabalhos produzidos pelo grupo são vendidos a $5, na séde, r. Pe. João Gonçalves, 100; ou em locais como o Espaço Plínio Marcos, na Pça Benedito Calixto; Galeria Vermelho; Mercearia São Pedro; ou na Livraria Realejo, na cidade de Santos.

domenica, marzo 16, 2008


ph Lilian Alves
LilianAlves
ERIKA – Quem seriam pra você hoje os marginais em atividade?
PERÉIO – Calma aí. O seguinte: quando não tem o leito do rio não tem margem, né? E, por exemplo, no Brasil todo mundo já nasce marginal. Quer dizer, porra, caralho. Nosso presidente da República é o Lula, caralho! Onde é que está o leito desse rio? É tudo margem! Então quer dizer, ser marginal no Brasil tem que descobrir uma brecha, que, porra, se o presidente da República fala mal das elites, que elites são essas? São elites falopéicas, imaginárias. Então o cara está querendo se colocar como um marginal, o cara que era ferramenteiro... Mas ele é a elite.
ERIKA – Então vamos falar de São Paulo.
PERÉIO – Adoro São Paulo. Sinto falta de chão em São Paulo. E ando na rua, não tenho medo de nada, só tenho covardia porque senão você morre. Pintou sujeita, a covardia te possui e quando você vê está a quilômetros de distância. Mas gosto de andar na rua. Uma vez fui contando os que já estavam embrulhadinhos pra dormir e quando chegou no 40 eu parei. O cidadão paulista entregou o chão pro povo da rua. O que os novos prédios estão fazendo é que não tem chão, tem os obstáculos pra ninguém estacionar... Não tem como andar na rua. São Paulo é uma cidade sem solo, sem chão. (...)



O trecho acima foi publicado em entrevista com o ator e apresentador, do programa Sem Frescura (Canal Brasil), Paulo César Peréio na revista KEY 08 (dezembro, 2007). Quando você lê este tipo de coisa numa revista dirigida por Érika Palomino (jornalista símbolo da cultura eletrônica brasileira nos anos 90 e famosa por ser do tipo que protegia alguns estilistas do "mundo fashionista"), numa publicação que a princípio é especificamente "de Moda", e quando vê na mesma revista editoriais fotográficos assinados por Miro mixando Alexandre Herchcovitch, Huis Clos, sacos de lixo e fotografias dos mendigos no centro de São Paulo por Paulo Giandalia; além de ver páginas e páginas preenchidas com a pintura política de Hildebrando de Castro em texto de Celso Fioravante e ainda colagens urbanas de Carlos Fajardo... ou ainda editoriais fotográficos assinados por Marlene Bérgamo e Mari Queiroz mixando os diversos tipos de morte no asfalto, em localidades que vão desde a Galeria Melissa nos Jardins até o bairro Munhoz Junior em Osasco, e quando você ainda recorda-se da temática da última edição da "São Paulo Fashion Week" (convivência urbana), então percebe que tudo valeu a pena naquele trabalho de formiguinha.
Desde ir de ônibus ao Ibirapuera assistir ao primeiro desfile do seu ‘estilista - ídolo’, desde vestir a Rebecca de noiva presidiária baleada ou escrever poesia para a menina Jessilene vendedora de lixas que tornavam-se flores pelas lentes do Barrox, até colocar na passarela as pessoas-poste envoltas por moulage de faixas de porcos políticos ou até tentar através de um simples vestido mostrar a algumas centenas de pessoas que não somos marionetes do poder, até conseguir transformar um pouco a possibilidade de pensamentos sobre processo criativo de uma equipe de trabalho num lugar completamente adverso do seu (que é Brusque), até conseguir fazer circular mensagens um pouco melhores através da linguagem de moda para grandes marcas e redes de magazine (graças à mesma, Brusque).
Então você agradece porque espiritualmente não estava mesmo sozinha (apenas parecia que falava sozinha e só os seus professores e amigos te entendiam – esses muitas vezes porque te amavam antes de entender) e você entende, sobretudo, que a dura pena que há vir ainda sempre valerá mais e mais, pois já consegue manter-se no mercado brasileiro um pequeno rol de publicações de pensamentos de moda, inseridas no contexto da vida real (a revista Catarina segue outra linha, mas também é muito interessante).
É, a moda está mudando, parece então que os ares da Vila Madalena fizeram bem para o jornalismo da Érika (onde ela instalou a sua casa-escritório) e já dá pra ter até um certo orgulho desta minha profissão... de ser quasestilista um pouco passada (inclusive com aqueles que não percebem coisas básicas a respeito de nossos poderosos instrumentos de comunicação, como a moda, que pode ser música ou poesia simplesmente concretizadas), por isso é bom agora voltar mesmo às ruas de São Paulo a recolher a parte que me cabe naquele chão que Peréio diz não existir mas que amo reconhecer, andar, cumprimentar, ler, decodificar, perceber sutilmente, melhorar, viver.
Mas antes disso, uma foto local também como prova de que é possível ser essa louca poesia contraditória em qualquer lugar. Ainda bem!


Lilian Alves é estilista e uma das fundadoras do Jornal da Praça
ph Puri
A imagem-cor do som
por DanielaAragão

Outro dia conversava com um amigo sobre "canais de recepção". Se me faço entender, o assunto nada tinha a ver com conexões eletrônicas, televisão, internet, celular. Falávamos de nossas habilidades para apreender/captar o mundo. Não fugindo à regra do "ser masculino", ele me disse que absorve a vida através do olhar. Como bom voyeur, está sempre ligado na sedução das imagens que alimentam seu imaginário. Não foi à toa que Baudelaire escreveu o poema "A une passante", dedicado a uma mulher desconhecida que lhe cruzara o caminho. A "Garota de Ipanema", de Tom e Vinicius, é novamente o voyeurismo do macho revivenciado no trópico.
"Um tom pra cantar/um tom pra falar/um tom pra viver/ um tom para a cor/um tom para o som/ um tom para o ser", canta Caetano. Minha percepção do mundo se dá pelo som. Música pra mim tem cheiro, sabor, forma, cor e perfume. Tatuei no ombro esquerdo um violão azul e no punho direito uma clave de sol para que a música fique eternizada na memória de meu corpo.
A relação entre som e cor me instiga desde os tempos em que passava as tardes na casa do meu saudoso amigo, o pintor Dnar Rocha. Ele pedia-me para que cantasse e tocasse qualquer canção que me batesse forte enquanto ia misturando as tintas e elaborando os primeiros traços de um novo trabalho. Apaixonado por Orlando Silva, Dnar adorava me contar as histórias do cantor das multidões. Em algumas ocasiões aparentava certa nostalgia, mas antenado que era não deixava passar incólume por seu humor cáustico tudo o que invadia seus olhos e ouvidos. "Daniela, eu vi no mapa um lugar chamado Batatais, gostei do nome, tô pensando em me mudar pra lá."
Uma saudade do Dnar tomou conta de mim quando recentemente visitei no Paço Imperial, no Rio, a exposição "A imagem do som do samba". Artes visuais e música se unem sob o olhar de oitenta artistas plásticos que fazem leituras de oitenta sambas. Esse trabalho dialógico é original em seu caráter inventivo. Composições esquecidas ou cristalizadas no inconsciente coletivo, como "Ai, que saudade da Amélia!", de Ataulfo Alves e Mário Lago, ganham interpretações revigoradas.
Devido ao inesperado da visita, não carregava minha máquina fotográfica. Para não perder as imagens fui anotando no caderninho alguns detalhes das obras correspondentes às canções que mais me sensibilizavam. Ao lado de cada tela, foto ou instalação havia um fone para que o visitante participasse com todos os seus sons e sentidos.
Essa exposição é o prolongamento de outras realizadas com a mesma proposta. Caetano Veloso, Tom Jobim, Chico Buarque e Gilberto Gil tiveram antes seus versos e melodias viradas do avesso. A riqueza da obra desses artistas possibilitou uma multiplicidade de olhares. A predominância do foco na questão urbana, como é o caso de Chico Buarque, não impediu que despontassem interpretações absolutamente distintas.
Em "A imagem do som do samba" optei por seguir fielmente o trajeto delimitado pelos curadores. Fui ouvindo as canções na seqüência da disposição espacial das obras. Uma das interpretações que mais me chamou atenção foi a de Irene Peixoto. A artista imprimiu sua marca na leitura de "Mora na filosofia", de Monsueto e Arnaldo Passos: "Mora na filosofia pra que rimar amor e dor/ Se seu corpo ficasse marcado/ por lábios ou mãos carinhosas/ eu saberia (ora vá mulher)/ a quantos você pertencia/ Não vou me preocupar em ver/ seu caso não é de ver pra crer: ta na cara..." Irene apresenta a foto de um homem nu em posição fetal repleto de carimbos com frases de filósofos e imagens de posições sexuais. A interpretação de Caetano ganha em pulsação erótica na obra que sobrepõe pensamentos e corpos em cópulas sobre o corpo que nasce.
A exploração do tema amoroso é constante na maior parte dos trabalhos, o que não foge à regra da história do cancioneiro nacional. Amores impossíveis, relacionamentos desfeitos, brigas, lágrimas, uniões, um carnaval de dor e prazer contamina o universo dos nossos sambas. É notável a maneira como esses artistas tentam fugir do lugar comum, "A voz do morro" de Zé Kéti é revista sob a ótica da violência conforme representa a metralhadora fotografada por Rodrigo Lopes: "Eu sou o samba/ A voz do morro sou eu mesmo sim senhor/Quero mostrar ao mundo que tenho valor/ Eu sou o rei dos terreiros/ Eu sou o samba sou natural aqui do Rio de Janeiro/ Sou eu quem leva alegria para milhões/ De corações brasileiros".
Heloísa Faria brinda a alegria tropical de "Brasil Pandeiro" (Assis Valente) interpretada pelos Novos Baianos. Abusando do kitsch, a artista enche uma taça com purpurina nas cores da bandeira nacional. Entre ondas de azul, verde e amarelo se fixa um pequeno pandeirinho que convida o espectador a entrar no ritmo: "Brasil, esquentai vossos pandeiros/ Iluminai os terreiros que nós queremos sambar".
Caminhar pelos interstícios da subjetividade foi a opção de Jair de Oliveira ao ler "Falsa Baiana" (Geraldo Pereira) na interpretação magistral de João Gilberto: "Baiana que entra no samba e só fica parada/ Não samba, não dança, não bole nem nada/ Não sabe deixar a mocidade louca/ Baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira/ Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras/ Deixando a moçada com água na boca". Aos olhos e ouvidos de Jair a "falsa baiana" não transcende o plano imaginário – e ele expõe apenas uma cadeira vazia que o espectador ocupa com sua própria baiana imaginada.
Representação delicada leva o samba "Quantas lágrimas", de Manacéa. A interpretação de Cristina Buarque é valorizada com o grande painel fotográfico do artista Rafael Jacinto. A obra apresenta três belas mulheres na faixa dos trinta anos com as faces avermelhadas de choro. A força da imagem elimina o ar meio passadista da canção: "Só melancolia os meus olhos trazem/ Ai, quanta saudade a lembrança faz/ Se houvesse retrocesso na idade/ Eu não teria saudade da minha mocidade".
Vou relendo minhas anotações e tentando reconstruir imagens. Sou invadida por uma saudade intensa do Dnar. Música e artes plásticas são uma coisa só, não preciso ir a Batatais para conferir.

Daniela Aragão é Mestre em Literatura Brasileira
pela Universidade federal do Rio de Janeiro.
Escreve artigos para jornais e sites
e uma de suas paixões é o estudo da relação entre música e poesia.
Atualmente trabalha num projeto para gravar composições
interpretadas por Nara Leão, num tributo à cantora.

mercoledì, febbraio 27, 2008

ph Barrox
capa - atriz Camila Rondon
produção Camaleoa
CINEMA2 - Seqüência de CINEMA com legendas à côté de la fenêtre, lumière du soleil du matin, corps nu, musique d’un certain endroit. Corta pra uma rua em que pessoas berram idiotices e vendem sanduíches e xingam-se de dentro dos automóveis e enfim, tudo como sempre. a mulher, Entre uma e outra letra, dança sobre a tela. beijo (e)ternamente seus lábios Y outras imagens: a de uma criança perdida andando pelo acostamento de uma estrada no deserto porque – você diz –clichês de imagens que já vi em algum lugar e cenas rápidas de crianças sendo prostituídas em cidades sujas do terceiro mundo fusion pra sala ensolarada, incenso, tempo de amor ET MÚSICA CIGANA; já não se ouvem barulhos e a doce sensação de estar dentro de você mesmo que em sonho. cabelo despenteado, tatuagem & cítaras indianas lágrima felicidade alegria orgasmo luzes apagadas fotografia. Sanduíche. outrA história ou outra versão da história: você - um cara, o personagem, sei lá pôrra - está sentado num banco numa praça numa cidade – trilha horrível tipo aquela música (sic) pump up the jam (argh) – e uma criança negra chora sua mãe atavicamente prostituída em avenidas imundas e seu pão tem o gosto da bebida ingerida na companhia de bêbados, canalhas drogados de corpo sujo, vidas fodidas e mulheres tristes madrugada madrugada. Você fecha os olhos. Corta. Ao telefone a mulher-menina diz quero foder, quero te dar, diz fumando compulsivamente, misto de desejo inquietude. Imagens difusas entre um cigarro e outro, o Cristo crucificado já não sangra e todos os sorrisos se voltam para outro lugar e pássaros voam em grupos e, ao longe, ruídos ruídos ruídos. Por alguns instantes, pôr-do-sol em 32 bits fusion noite gostosa com explosões siderais e carrinhos de pipoca na calçada em frente. Nossos olhares projetam tempos passados e presentes, como somos felizes, cromossomos (in)felizes, roquinhos-baladas tipo Elvis and Chubbi Cheker tilintando entre cuba-libres e o desejo de tirar sua calcinha dentro do carro. ou. imagens contemporâneas minimal art. Cheguei agora e, puta que pariu!, outro mendigo diz ser Jesus Cristo e homens poderosos crucificam as esperanças. Na trilha de novo JAZZ, o cara não ouve outra coisa, mas você já tinha dito isso. Cena 2: ela começa a tirar o vestido longo-negro-colado-ao-corpo e anda descalça pela sala. Seu olhar não deveria manifestar emoções. É de noite madrugada e uma outra mulher beija sua boca. você sorri mostrando desejo na boca entreaberta enquanto me olha nos olhos. Um casal de velhinhos sai do elevador num hotel de Miami, textos de Henri Miller ditos no centro velho de San Pablo, voz de Janis Joplin e você diz que agora nada importa - mete mais, pede - sexo notícias desencontradas poetas noturnos e correntes de ferro imagens decorrentes. Cheiro de vela acesa. Lareira. Beijo na boca. Paixão dividida, noite de estrelas, sou sua você diz ainda desejando que o tempo se imobilizasse e/ou apenas se alternasse entre as cores do dia e os sonhos da noite, assim como ler poemas de Hilda Hilst em voz alta no degrau da escada ou andar em círculos pela praia semideserta ‘num dia de semana’... outraCena: o cara mais velho me diz que terei que aprender a conviver com a solidão. Penso nisso e digo foda-se: já convivo com minha solidão desde que me conheço, enquanto olho em seus olhos de já mulher e você me sorri ternamente. Olhares perdidos. Cinema. Pútridas emoções. Puras emotions. Notícias de jornal. Som de chuva. Andando de novo pelas ruas do centro velho numa cena com cara de domingo, o cara lê O Macaco e a Essência em voz alta seguido por uma procissão de motocicletas silenciosas e mulheres de capuzes negros. Referências, você diz, dando gargalhadas. "Não quero mais essas tardes mornas". Tesão. Tesão, você também diz. Divindades, a estrada ao amanhecer, agora você dorme no banco ao lado, o carro em velocidade, a janela aberta, sinos na igreja de uma pequena cidade. Sonhamos. Não consigo te esquecer; vejo seu sorriso na fotografia, também sinto vontade de chorar. É de manhã na américa do cio, Um cara diz que as utopias se acabaram, e eu também mando ele se foder! Cena repetida: não diga não não diga sim não olhe para trás não tenha nome nem passado não se importe com as feridas não considere os movimentos solares não saia de casa não estabeleça critérios não brinque de não ser fotografia em preto&branco não deixe nunca de brincar diz que sou gostosa me beija não acenda a luz abra a janela tire o vestido. Corta! O filme acabou.
Eduardo Barrox, texto de capa JdP, edição 60

Em março, a Caixa Cultural São Paulo, Galeria da Paulista, mostrou fotografias de alguns dos legendários integrantes da Agência Magnum. Obras de Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, Susan Meiselas, Erwitt e Martin Parr entre outros. Já fica registrada como uma das melhores exposições de 2008 em São Paulo. (EB)
reprodução

Pintura retratando a super-modelo Kate Moss, de autoria do artista inglês Banksy, acaba de ser arrematada por US$ 191 mil em um leilão de arte de rua realizado em Londres (Inglaterra). O trabalho do autor faz irônica referência ao famoso quadro do pop Andy Warhol que retrata a atriz Marilyn Monroe. O leilão - promovido pela casa Bonhams - incluía 75 trabalhos, a maioria de peças feitas ao estilo do grafitte de rua. A tela arrematada já tinha sido vendida por US$ 98 mil em um outro leilão realizado em outubro de 2006. "Por definição a arte de rua é uma forma de arte efêmera, que geralmente desaparece tão rápido quanto aparece" - disse Gareth Williams, especialista-sênior em pintura da casa Bonhams à reportagem da BlowUp Press - "mas ao transportar essas imagens da rua para as telas, os artistas estão criando agora um legado permanente." Por seu lado, o misterioso Banksy, que se recusa a revelar seu verdadeiro nome e tem uma obra cada vez mais conhecida pelo conteúdo irreverente e político, faz boa parte de seus trabalhos em murais exteriores em vários países. Um dos mais famosos é um grafitte na barreira construída para separar Israel e os territórios palestinos, que mostra uma menininha revistando um soldado.

mercoledì, gennaio 30, 2008

ph capa: auto-retrato Camaleoa, 2007

paulicéiadesvairadaséculoXXI
acorda entre sonoridades desconexas e abre os braços pro Sol, se jogue sobre os telhados ou perca-se nos labirintos sem fim. Deixa entrar a luz, entre relâmpagos e líquidos, os sons da cidade, as sombras da madrugada. Percorro seu corpo de cabelos desalinhados e pele cheirosa, quando sinto as intensidades dos pecados e dos perdões. Mergulhamos de cabeça nas paixões. Na grande cidade, de calçadas irregulares e asfalto quente, estranho é o sujeito que buzina desvairadamente em cada esquina e não a puta que sorri. Ou a garota gótica que fixa seu olhar entre piercings, metal-rock, sempre em noite de Lua. The Girl in the Other Room como canta Diana Krall, Luzes, tintas e poesias acompanhando jazz; não há razões nem des-razões, nem cores definidas. Em cada quarteirão, assim como o céu brilha diferente a cada manhã, não sou eu nem sou você. A manhã nublada nos ensina a ouvir a música e sentir o incenso. Abra os olhos pra saudar a Lua e abrace bem aos quartos crescentes, dissonâncias entre sons de Miles Davis misturados ao andar rápido de quem vai nem sabe onde. John Cage, pinturas de Frank Stella, colagens rasbiscadas, o som do rádio & fusion nas telas quase brancas que significam os meus próprios ritos de renascimento, de corpo e espírito. Faz calor sobre a cidade, mas seu corpo nu sentindo a brisa me alimenta de paixões enquanto me abraça e quando faz amor; também tem o vento e depois a fruta, o vinho tinto, boca molhada e os suores. Sou você em cada dia, o abraço da tarde morna, o cheiro da flor; talvez em nenhum lugar seja assim e será sempre quando nossos olhares sempre se cruzarem mais uma vez.
EduardoBarrox

lunedì, gennaio 21, 2008

phDivulgação TUDO BEM (NO ANO QUE VEM)

Brazil (blowUp Press) - Com (boas) fotografias produzidas em outubro passado em Paris, França, a edição de janeiro da revista Elle norte-americana traz a spice girl Victoria Beckham na capa e numa entrevista. O ensaio fotográfico mostra a cantora visitando lojas parisienses (errr...); e na entrevista ela se revela falando coisas como "sempre vou pra cama nua", fazendo algumas referências, digamos apimentadas, ao marido - um jogador de futebol - e mais uma série de desnecessidades absolutas e idiotas.

A revista, cuja edição original francesa comemorou sessenta anos no fim de 2007 e já foi considerada uma espécie de bíblia da feminilidade (sic) consegue ser mais desinteressante do que a edição de dezembro da revista brasileira Brasileiros. Entre outras matérias estranhas que afirmam que o Brasil tá funcionando direitinho, eles publicam uma entrevista com o presidente brasileiro Lula, na qual ele também diz que as coisas vão muito bem, donde se depreende que vivemos numa espécie de paraíso tropical ou coisa assim. Na chamada de capa já se anuncia que o sr. presidente tá de bem com a vida. Há outras matérias de igual otimismo em relação a este nosso sofrido torrão. Não é bem ser contra as boas notícias, mas gastar papel pra matérias (sic) assim é um exagero, considerando a realidade em geral sobre violência, habitação, cidadania, chuvas de verão, monocultura agrária e saúde - por exemplo - observando que antigas doenças e febres acabam de ser tristemente resgatadas; ou minha própria observação em andanças aqui e ali de que o buraco talvez seja mais embaixo. Acho que, tanto a revista quanto o presidente, omitem a informação de que progresso social não se dá através da simples oferta de créditos ao consumidor cobrados com juros extorsivos, algo maquiavélicos e selvagens. Com isso, a revista que tinha uma certa intenção de repetir os gloriosos feitos da revista Realidade dos anos sessenta, perde credibilidade. O que não precisamos neste momento histórico é de material promocional deste nível. Seja como for, o chato dessas publicações é que o jornaleiro não devolve a grana e o garrafeiro diz que tão pagando pouco pelo quilo de papel velho. Depois, conversando com uma amiga, ela me alertou para a possibilidade de não vivermos no mesmo país. Não! não eu e a Victoria; nós (você, eu, o povo) e o Lula.

Por coincidência mera (ops), no mesmo espaço de tempo a boa revista Piauí também traz matéria com o José Dirceu, o ex-homem forte do governo Lula. Ainda não entendo porque se dá tanta mídia pra essas personagens, mas pelo menos a matéria não é tão ruim quanto a da revista (Brasileiros) que entrevistou o Mr. Presidente. Na verdade a matéria até é boa, irônica na medida, com uma boa fotografia em preto & branco do Duran ilustrando, etc.. Mostra bem o personagem Zé Dirceu, consultor internacional e possível candidato à presidência da República quando todo mundo esquecer (aqui no Brasil demora um tempinho pro povo esquecer...mas esquece). Depois de ler a matéria fiquei pensando no livro do Zuenir Ventura sobre 1968 e em coisas como, será que o Zé já era assim e ninguém tinha percebido ou ele disfarçou até conseguir chegar onde chegou?

E outra revista desta semana - a semanal Isto É - traz matéria de capa dando conta de que a morte do presidente João Goulart no exílio não teria sido de morte morrida e sim morte matada. Foi mesmo! todo mundo sabe faz um tempão. Mas agora a informação - mesmo com algumas décadas de atraso - vem pela boca de uma pessoa que testemunhou o fato e assegura que Jango foi envenenado. A família do ex-presidente, que também parecia não saber disso, pede nova investigação. Quantas décadas ainda vão demorar pra que a verdadeira História da assassina ditadura militar brasileira seja contada?

Seja como for, e pelo andar da carruagem, espere pelas próximas edições das revistas brasileiras. Ainda vamos ler entrevistas provando a existência de Papai Noel (e confirmação de sua nacionalidade brasileira), entrevistas com o Coelhinho da Páscoa, alguma coisa em torno do sexo dos anjos, bem como a vida sexual da Branca de Neve e os Sete...
Eduardo Barrox