domenica, giugno 22, 2008

JdP#63, mai-jun 2008,
imagem de capa escritora Camille M., ph Barrox

Celso de Alencar

CONFISSÃO
Senhor,
caminhavam nas margens do rio
os homens que falavam com paciência.
Iam com lentidão
levando cestos com laranjas
e sacos de panos toscos
com três cachorros e quatro coelhos
recém-nascidos, dentro.
Eu lhes disse que os peixes
que nesse rio viviam
foram trazidos de outro rio
e todos eram fêmeas
e pariam filhotes com olhos
e bocas de mulheres que
amamentavam durante à noite.
Em nada que de mim saía, acreditaram
e continuaram o percurso.
Olhei o rio e os peixes.
As pessoas curvadas que se distanciavam.
Senti cheiro de suco de laranja
escorrendo nos meus braços,
sons estranhos de choro de cachorros
vagido de coelhos
e curtos gritos de homens.


de Poemas Perversos

Rita Alves
O BEIJO DO GATO
Não esperou que eu fechasse os olhos
Lambeu meu lábio
Riscou lentamente um rio no meu rosto
Leite morno
Que eu bebo sozinha

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