venerdì, novembre 03, 2006

Mariana Piccione & Priscila Matsuoka, ph Barrox
crônicas da Camaleoa

Hilda Hilst chega com o dedo na cara e escreve sobre bunda, peito, pinto e xereca enquanto tentamos achar a Patagônia e a Terra do Fogo no mapa do Brasil e ainda há quem diga que literatura erótica é coisa suja, de gente pervertida que só pensa besteira e sem nenhum valor literário. Mete, mete dinheiro na cueca, na mala, na conta no estrangeiro e ela escreve sobre água vaginal apesar do professor dizer que essa linguagem não tem nada de literatura. R-E-A-L-I-D-A-D-E. Fugir dela, sentar nela, currá-la até o sangue começar a pingar e as crianças se curvarem todos os sábados na nossa frente pedindo um pouco de dinheiro pra qualquer coisa e os pais de longe, comandando tudo sem medo do HOMEM já que não têm mais nada a perder.
Literatura erótica, literatura marginal, literatura autobiográfica, literatura clássica, literatura feminina, literatura da periferia quem diria, meu amigo Canclini! O que é literatura? Eagleton e Nitrini me socorram! Salve a Literatura Comparada! Não se pode mais negar nem fazer de conta de que os blogs estão aí e todo mundo escreve e aquele escritor lá de onde o Judas perdeu as botas – seria da Terra do Fogo? – pode revelar ao mundo de que não precisa ser americano nem argentino pra ser um puta escritor. Não é a toa que o Prêmio Nobel de Literatura, este ano, foi para o turco Orhan Pamuk.
Paulo Coelho na Academia de Letras e na sala de aula Italo Calvino com Seis (cinco) Propostas para o Próximo Milênio me conta sobre Medusa e Perseu, lendas, fantasia, o carnavalesco e posso fazer uma certa diferença entre Anaïs Nin e Hilda Hilst. De novo as teorias são bem diferentes uma das outras e literatura erótica continua na margem. Mas onde está o centro, onde está a margem? Silviano Santiago X Harold Bloom.
Olha bem nos meus olhos e me diga: por quê mais uma antologia? Todo mundo escreve e está bem espalhado pelos continentes com sua língua, com seu sotaque, com a vivência cultural específica. É possível mapeá-los? Vinde a mim, GPS literário! Bandini que não é carne, nem peixe nem flor que se cheire, no quarto de hotel, pensando em Camila, escreve, escreve assim como eu, como você. Editoras brigam pra sobreviver e escritores brigam pra serem bem distribuídos enquanto Paulo Coelho pipoca pelas estações de metrô em São Paulo a preços populares. Por isso os discursos – de direita e de esquerda – são tão iguais. Nenhum deles se importa com nada... além do próprio umbigo.

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