sabato, maggio 19, 2007

ph Barrox, série Planeta São Paulo, 2007
ESTRANGEIRO NOVE agora é quase esse dia de manhã e, por exemplo, tinha um cartão na caixa de correio! porARTandywarhol meninas de maquiagem forte e olhares difusos. ainda acho estranho que de manhã o rádio do carro toque Mozart pra caras que estão dentro dos carros como se fossem pra quadra da escola de samba, ou talvez seja mesmo por isso. a rua oscar freire de manhã não tem nada a ver com o que dizem os jornais ou a mulher de gestos artificiais talvez não tenha lido as colunas sociais ou olhado direito nos olhos de quem ela diz que é seu amor... seja como for, NOUTRO DIA eu assisti um show, vi uma exposição de arte e conversei com alguns artistas tipo marginais. daí, nunca sei porquê, e enquanto recompunha meus olhares, vi que o mundo TINHA completado uma coisa parecida com outro ciclo. nesse dia era quase de noite, havíamos conversado, bebido, comido e minha mitologia me disse assim desse ciclo. Tento, nessas horas, pensar em outra coisa, talvez mais sérias do tipo que o senhor com ar sério esperando o sinal abrir gostaria de ouvir, mas o que penso remete à lembrança das paisagens que ainda não vimos ou trechos de poesias, ou olhares como no dia em que nossos olhares se encontraram e eu fiquei sabendo de tantas verdades íntimas e pus minhas mãos em seu ombro e num momento muito fugaz acho que senti seus desejos. minhas. suas. Como se recompor de fragmentos abstratos ou de abstrações metafóricas? não decodifico energias cósmicas assim como não preciso agora delinear fernandoPessoa no café de Lisboa ou em noches de Buenos Aires onde Carmencita seminua misturava fumaça de Gitanes a trechos de Cortázar y Borges - vinho tinto - e provocava em boca de carmim astorpiazzolla corpo celestial. Naquele momento de nosso Encontro tudo se transcendeu. noite de hotel, celulares tocando, ouve-se distante o som da música, jazz muito jazz na caixa, a cidade semi-adormecida em fotografias no centro velho e ninguém mais no raio de ação, umbigo do mundo, corpo moreno que mais do que nunca é índia, cheira terra, questão de pele e nos beijamos na calçada em alguma calçada de Paris enquanto o velho que passa quer te reprovar com o olhar enquanto os outros olhos te comem lambuzada em mel e sexo sacana e também procuram armas que destroem extraterrestres pra cortar meus cabelos agora brancos. então te ouço te quiero oferecer mi cuerpo soy loca por ti nesta improvável fusão de destinos, enquanto leio seus poemas e também leio suas palavras escritas com dor e líquidos doces suaves, versos, soleil de manhã, os gatos curtindo o calor circunstancial desse outono estranho no terraço, y saxofone gritos de alerta e tudo que desfaz em noites entre sussurros; assim como na cidade maluca nunca precisa ser noite nunca é dia nem sempre é chuva quase nunca é sol, ou tudo ao contrário nos dizemos enquanto os pop jornais - cadernos culturais de araque - estampam a fotografia retocada da putinha que perdeu o prumo, o cabaço, e ainda não pôde saber dignidade porque se aprender terá que escolher entre isso ou o programa de tv onde expõe pernas abertas e maquiagem borrada. Então o que me importa é que mesmo nesse ‘clima bladerunner’ que de vez em quando se deixa encobrir a cidade, sempre restará aquele momento (mágico?) dos nossos textos escritos um por causa do outro, quem sabe, e o sorriso como quem não sabe, mas no fundo sabemos de tudo e de como ainda vamos poder olhar o mar e dar abraços e coisa e tal. enquanto passam pela rua umas pessoas pop-equivocadas, de roupas e maquiagens erradas e tudo que nem sei. E nessa fusão de agora e sempre seus poemas aqui revelados. me encanta Te saber por dentro, Te fazer perguntas - eu sonhava com isso, eu ainda sonho com isso - e não tenho mais dúvidas sobre valer mais um toque de lábios alimentando a vida com a loucura como quem goza e depois nem sabe quando, ou os livros perdidos em prateleiras muitas e de saber que nem tudo está perdido e porque se ficamos exaustos temos o banco da praça e as carícias obscenas resumos de histórias bem contadas entre frases bêbadas de absinto que nos encantam em delírio seus versos ditos entre goles e sorrisos com olhos alegres. Até porque amanhã é outro dia e ainda há que se costurar outras cinquenta e tantas emoções.
texto & fotografia de capa da edição#51, por Eduardo Barrox

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