giovedì, aprile 19, 2007

phBarrox
Bia Fusko, atriz & poeta
texto & fotografia de capa da edição#50 do JdP
por Eduardo Barrox
soNgs froM LiQuid DaYs

...repetindo: foi numa tarde ensolarada - era quase nunca ao meio-dia entre abril e setembro - de quase sempre olhar em direção ao vento traços inexatos, telas brancas e fotografias preto&brancas coloridas em cores saturadas e agora se passaram cinco anos agora com driving into delirium tocando na caixa (arrá! você pensou que eu ia falar vitrola...) e cinquenta coisas diferentes aconteceram ao mesmo tempo neste século entre folhas de árvores secas, sentados na praça, no chão, lembranças, sua voz de vez em quando, seu corpo de vez em sempre. Era numa tarde de óculos escuros y coros imaginários, no display índios canibais esperando o navio atracar com as tais trapezistas virgens. Numa tarde de andar de bicicleta e sorrisos - eu nunca sei - mas tinha música como essa que agora fala de Paris e mistura Satie e depois a genial Cida Moreyra na balada do louco e lá longe as coisas são assim, aqui fica tudo podre às vêzes, mas nos falamos sou feliz, assim como nos falamos foda-se ou fica triste. Não entendo outra língua, mas quero sua língua. De se beber com o cônsul Geraldo na calçada do Consulado entre odaliscas, tarólogas, putas, sapatas (ops) e meninas de família fazendo virar a mesinha desse bar antropofágico falando e lendo meias verdades, soy loco por ti, América. La main parisienne e daí olhando essas meninas meio que mostrando a bundinha y generosos decotes passeando entre clics techno macunaímicos mímicos de olhares de desejo ou de nunca ou de sempre fica engraçado escrever isso; e o cara falando Catherine Deneuve com aquele sotaque que acho legal e eu pensando Béatrice Dale em Betty Blue e aí encontro minha amiga Marie Lorraine na porta do estúdio e ela tem esse sotaque legal. E quando o sol se coloca de lado - querendo descer - aí aponta a Lua minha amante cheia (de amor?) e meus olhos mecânico-digitais olham nos olhos dela e vejo marcas em seu corpo... mas ela é linda, sempre. Aqui nunca é tarde demais, vejo na fotografia em que você me olha nos olhos e agora nossos tempos nem são tão diferentes porque essas linguagens não tem porque serem datadas, seladas, carimbadas com esses venenos da medíocre hipocrisia. Melhor assim que não assim. Na tarde quente, conversas de Angela água tônica com gelo e sanduíche de pernil feito por Cleide plus docemente selvagem e temperado sanduíche buraco quente e cerveja gelada et saliva e boca ou quadris ou pernas cruzadas e olhares idem e depois no Alberico capuccino-Camaleoa-poeta. São Paulo é como o mundo todo, diz Caetano. Somos ridículos, diz o velhote, e não tenho certezas apesar dos brancos cabelos, camisetas manchadas de tinta acrílica e guaches misteriosos retratando minhas íntimas paisagens (des)conhecidas. Somos geniais também, você nem imagina o quanto; mas ele já se vai e não importa, a tarde tem poesia correndo solta BeAtriz, vou pegá minha fulô. No entanto não me importam mais as coisas que saem escritas nesses jornais do Sistema. Sempre mentem, agora eu sei, porque me disseram do Amor e querem me fazer ler Ódio. A vida é como um cinema, mas foda-se - eu sei que vou morrer no fim - porque importante foi me tornar gente da floresta, assim como importante foi te olhar nos olhos tantas vezes e te ver chorar e sorrir quase-criança-mulher. O importante é ter poesia, letras et imagens, desejos sussurrados... No hay pecado mi amor do lado de baixo del ecuador, terno tempo eterno salada de frutas pimenta nos lábios fotografias et plus outras finas iguarias mineiras de chef Fernando no Consulado da Cônego with pinga da boa with ponderações acerca de serramalte ou bohemia, você sabe com quem. E a vida é bela y quando cai a noite en la calle y en las ramblas et tropeçando nos copos & ainda tem muito mais pra acontecer e parecer. Mas, dizia eu, foi numa tarde ensolarada que podia ter sido manhã chuvosa ou madrugada de neblina. Em que imaginei seu corpo de biquíni sem a parte de cima dentro do carro indo pra praia. E agora você vai se lembrar disso a vida inteira, porque também não quero te esquecer. Agora - on the road - depois de tantas tardes e personagens e o carinha nem aí olhando as árvores não me importam amanhãs. Ou como acabou aquele texto, já se passaram todos estes anos, e dizia o cavalheiro Osvald ‘no pão de açúcar de cada dia dai-nos senhor a poesia de cada dia’. e tal e coisa... Agora vambora que tem mais cinco séculos e mais uns cinquenta finos biscoitos, inclusive meio culturais. Ou também, como o Jimmy Page também já havia dito: ‘você não cai na estrada pra ficar entediado, né?

texto referência publicado por Lilian, Rebecca & Barrox na edição#4, depois reescrito por Mariana Terracota na edição#39 e agora absurdamente reutilizado por Eduardo Barrox ao celebrar os cinco anos de brava resistência deste Jornal da Praça

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